As esquerdas e os Lestrigões.

                    

O substrato de nossas raízes de identidade territorial se erosionando rapidamente na turbulência da Maré Neoliberal, que vai arrastando no seu efeito "Samarco" um sem número de "Marianas" que faziam parte de nossas histórias de vida, social, cultural, econômica e afetiva.
Para os lestrigões das elites tecno-corporativas globalizantes, a humanidade não é uns dos fatores componentes de suas equações financeiras, na sua pervertida carreira rumo ao poder mundial. Fomos literalmente transformados num rebanho-mercadoria, que no seu custo benefício da exploração integral, somos transportados, submetidos ou exterminados, segundo os jogos de seus interesses macro-dominantes.
A compactação social urbana e a perda do inalienável por-do-sol, quase inadvertido pelas maiorias das populações, obsessionadas pela ordem do consumismo imposto e sua sobrevivência, se manifesta cotidianamente no corpo a corpo das ruas em seus olhares abstraídos de embaciados amanheceres.
Esta compactação forçada no percurso das gerações e seu trânsito campo cidade contam com previsíveis planejamentos históricos por parte dos poderes que ostentam os controles territoriais. O latifúndio como estrutura  de reminiscência feudal, era uma reserva prevista a ser transformada a partir das tecnologias e o crescimento do consumo, em campos de exploração do Agronegócio, pecuária, mineradoras e produtos aquíferos. Estas indústrias geradoras de Commodities carregam nas suas estruturas de execução e desenvolvimento um conjunto de contaminantes ambientais e de graves consequências para a saúde humana e a fauna das regiões, além do extermínio das florestas amazônicas de catastróficas anomalias climáticas.
No entanto, nesta guerra fria pela toma dos espaços via exploração de recursos naturais, as pequenas populações e suas novas gerações acrescentam o êxodo forçado diante das perdas e pressões das mudanças territoriais exploratórias, rumo às cidades polo, as quais se encontram despreparadas para receber esse caudal migratório. Notavelmente, nesses momentos, suas necessidades vitais inalienáveis da moradia, se somam as já historicamente constituídas nesses territórios, empossadas culturalmente pela ordem civilizatória na figura dos "Direitos".
No meu entender, a aceitação dos direitos provenientes das instituições, além do inter-relacionamento crítico do inevitável em prol da sobrevivência, junto a ausência de opções reais contrárias ao sistema imposto, se constituem no submetimento consciente ou inconsciente,  legitimando as ações de opressão sobre nossa liberdade.
O avanço da reclusão espacial da sociedade urbana, forjada pelos interesses multiplex dos lestrigões corporativos nacionais e forâneos também contam com o auxílio de personagens da Odisseia de Homero, que enfrentam duras batalhas investidos de poderes, outorgados pelos deuses do Olimpo institucional. Eles têm como missão juntar e proteger o rebanho do Lobo mau da Autonomia Libertária e mantê-los unidos no Curral sistêmico da "esquerda", esperando passar os momentos em que os deuses do Planalto Olimpo disputam suas ociosas e lucrativas cadeiras, fruto do engano da falsa "democracia Burguesa" lecionária onde eles estão disputando fatias.
Que seria mais produtivo politicamente do que tomar a superpopulação urbana e sua carência de moradia para ser transformada em reivindicação via "Direitos" institucionais e se agregar ou se manter no poder?
De forma totalmente evidente essas receitas do novo Boulos são um plágio das receitas do Lulismo com alguns ingredientes, provenientes da Espanha do "Chef" Felipe Gonzalez.
Sem nenhuma dúvida que a substância da questão dos trágicos acontecimentos da urbanidade e suas complexidades inumanas terminaram como diz Lula nas "Casinhas da Dilma" e seus conceitos de reforma sem reforma. Na real fazer algo para não fazer nada e que Viva a  O Globo.
Que pensar e fazer em um país continental do tamanho do Brasil, auto suficiente em recursos humanos e naturais que não conseguiu sair do colonialismo e sonhar na sua independência, em que as reformas propostas da "esquerda" hegemônica foram e são o teto das reivindicações populares e viraram em cumplicidade com seus líderes "populistas", catapultas de ascensão ao poder com o objetivo construir uma nova casta de privilegiados?     A entrega do acúmulo histórico da luta popular em troca de uma conciliação falida e anunciada contém no seu percurso, um sem número de confirmações provenientes dos setores de base que acreditaram e morreram pela "causa", e são testemunhas da programática desarticulação das frentes de resistência e o acomodo dos setores selecionados pelo aparelho político partidário, exemplo a trágica desarticulação do histórico Movimento sem Terra.A reforma agrária sem reforma agrária, um ponto crítico que convida a mergulhar numa diversidade de análises e pelas profundezas das altas complexidades.
Comentário de interesse deste texto, em que provocamos a crítica pela razão na perda espacial  das populações urbanas, relacionamos de forma direta aos eventos acontecidos nos territórios agrários e seus efeitos fragmentadores, que tiveram um grau de consequências importantes na realidade das cidades.
          Com a chegada da civilização exploratória perdemos nossa identidade micro-territorial e cultural, junto com nossa liberdade e a partir daí com cada avanço chamado evolutivo pelos conhecimentos tecnológicos e seus fins de lesa humanidade, seguimos  perdendo de geração em geração os elementos vitais que nos constituíam em seres racionais e dignos de viver neste paradisíaco lugar do universo.
         Não são bons os presságios do futuro da humanidade e muito menos para nossas sociedades colonizadas e alienadas pelo consumismo neoliberal e o fluxo das ideias do anunciado fim da modernidade.
Talvez para os céticos que proclamam o fim das Utopias e se entregam,  justificando-se ao sistema, possamos demonstrar com o passar do tempo, que elas são imortais e no entanto exista um mínimo de rebeldia em nossos corações com Autonomia e auto determinação elas viverão e seremos milhões.






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