Tempos de moralismos castradores, reminiscentes dos escuros trânsitos da humanidade pela idade média. Situação esta, se propagando rapidamente, impulsada pelas condições atuais da sociedade, em estado de pânico, diante os eventos da engenharia sócio econômica e cultural do capitalismo sistêmico e sua versão Neo Liberal.
Para poder comunicar e estabelecer certo grau de compreensão e lógica teríamos que nos retrair ao processo ditatorial (1964-1985) que conseguiu não só eliminar fisicamente as organizações de inspiração revolucionária, senão também consolidar a militarização em corpo e "alma" da sociedade, contando com o apoio de setores eclesiásticos do conservadorismo Cristão.
1985, abertura caminho a "Democracia" controlada que dá seu primeiro sinal do trabalho desenvolvido nesses 21 anos, elegendo Tancredo Neves, que não chegou a tomar posse do mandato por óbito um dia antes de assumir. O que resultou na investidura do cargo por José Sarney de estreitos vínculos com o processo ditatorial, representante da Aliança Renovadora Nacional (ARENA).
A partir desse momento, as forças opositoras de esquerda baixo a legenda do PT (Partidos dos trabalhadores), fundado em 1980 e que no seu conteúdo reunia setores de diferentes interpretações ideológicas, incluindo integrantes participantes da luta armada contra a ditadura. Começa o caminho da massificação, via reorganização popular campo-cidade. Estratégia esta, que a partir de um discurso de justiça social fundamentado nas demandas da Reforma Agrária contra o latifúndio e a Reforma Urbana contra a especulação imobiliária, além da reforma do sistema de políticas públicas nas áreas da Educação, Saúde, Cultura e inclusão social, consegue no ano 2003 ascender a presidência na figura do líder sindical metalúrgico Luis Inácio Lula da Silva. Nesta caminhada, muitos grupos e setores ideológicos fundacionais foram ficando pelo caminho, o que já sugeria supor o perfil que futuramente seria aplicado pelo campo majoritário hegemônico diante possibilidade do triunfo eleitoral.
Ano 2003, o auge da euforia e o princípio das contradições das anunciadas e futuras reformas, num planejamento estratégico que ganhou rapidamente o apoio popular.
Um sem número de programas embrionários foram lançados, os quais contaram com um potencial no seu possível acompanhamento ideológico em debate com as bases, com um futuro de apropriação democrática e representativa de baixo pra cima. No passo do tempo, foi se constatando a retirada da militância e o abandono do debate ideológico, substituído pelos resultados do mercado da "felicidade" consumista e o discurso populista. A toma da distância na disputa com o conservadorismo reacionário, que diante esta retirada, fruto entre outras coisas das conciliações governistas, na política parlamentar e com o setor financeiro corporativista e industrial privado, teve o tempo suficiente para acordar diante a crise presente os sentimentos aletargados do processo ditatorial e o conservadorismo evangélico Cristão. 2017, a caça de Bruxas já começou, atingindo de forma impune as manifestações artísticas, culturais, a Educação Pública, os territórios étnicos culturais e suas crenças religiosas, os conceitos da equidade de gênero e uma diversidade por reflexo das necessidades inalienáveis, chamados direitos institucionais que encontram se numa profunda crise de extinção. No entanto, diante deste cenário de disputas, o povo operário e periférico observa na incompreensão e na desinformação gerada pelas mídias antagônicas oficiais e alternativas, o salto em paraquedas desde o Enola Gay ao General Arthur Macarthur e suas práticas de falsidades ideológicas criminalizantes, que vão desde o Moralismo conservador até as barbas de Marx e Bakunin.
Neste final do texto me permito opinar sobre um ditado popular o qual gostaria que não se confirmasse na historia futura: "O homem é o único animal que tropeça duas vezes na mesma pedra".
Não existe Vácuo na atmosfera terrestre.
E também não, nos territórios em luta de classes.
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