De Liberdades e Opressores.



Neste texto vou retomar algumas opiniões vertidas em matérias anteriores sobre a Urgência,
de considerar os cenários históricos originários, de nossa Ameríndia no seu trágico trilho de
genocídios e perda da Liberdade. De nenhuma maneira pretendo negar a evolução natural 
da humanidade a partir de seus conhecimentos, fato totalmente contraditório no campo
do materialismo social coletivista.
O sugerido na figura do Urgente se fundamenta na revisão histórica dos mais de 500 anos
de submetimento forçado pelos poderes colonialistas e seus enraizamentos culturais 
sócio-econômicos e religiosos. Nada tem mudado desde o 12 de outubro de 1542, em referência aos objetivos e práticas opressoras dominantes. Mas muito foi se transformando desde o subjugamento monárquico a estas terras até a imposta da república do estado Burguês. Partindo destes acontecimentos podemos determinar dois cenários: o Povo originário perdendo sua Liberdade 
diante a nova ordem "civilizatória"e a sociedade crioula nascida dentro dos parâmetros da "Liberdade"controlada.
A instalação destas Repúblicas determinadas como "Independentes" e de regime "Democrático"
sempre no controle das oligarquias burguesas e seus súditos, foram notavelmente criando na
consciência popular um falso conceito de Liberdade, reforçado pelos momentos de crises ameaçados
por regimes Ditatoriais ou pela sua luta de resistência após um golpe.
Porque faço estas breves  referências históricas para nos introduzir no conceito de Liberdade?
Para mim, se partimos dos fundamentos os quais adiro de Bakunin, o nível de consciência 
predominante nas sociedades no conceito de Liberdade, é o catalizador determinante no traço dos caminhos e os futuros de sua emancipação. A ausência desta consciência é causante, dos medos, oportunismos, traições, conservadorismo, reformismos e outros, que terminam se estruturando como poderes reacionários, amortecendo e combatendo os focos libertários desde os mais diversos absurdos. Para estas incompreensões o Estado e sua "Democracia" Burguesa, exploradora, genocida, 
corrupta, acompanhada  pelo conceito Cristão e seu modelo de família, Patriarcal, moralista,
preconceituosa e racista, são tomados como tesouros a ser preservados além de sofrer suas aberrações. A tudo isto podemos agregar um elemento crescente e de grandes efeitos predadores, o consumismo, imposto como modelo de "Liberdade e Felicidade".
E não para por aí, o "pós modernismo", uma corrente do pensamento Neoliberal com sua capacidade mimética, incorporando as novas gerações que entram na jaula sem perceber, que estarão entrando na boca do Leão.
É muita carga para nossas carroças e Rocinantes, resistir a dialética do Capitalismo e suas fantasias de controle Idealista das "Almas", desde nossas trincheiras da dialética da ação e o materialismo social.

Só sou verdadeiramente livre quando todos os seres humanos que me cercam, homens e mulheres, são igualmente livres. A liberdade do outro, longe de ser um limite ou a negação da minha liberdade, é, ao contrário, sua condição necessária e sua confirmação. Apenas a liberdade dos outros me torna verdadeiramente livre, de forma que, quanto mais numerosos forem os homens livres que me cercam, e mais extensa e ampla for a sua liberdade, maior e mais profunda se tornará a minha liberdade. Ao contrário, é a escravidão dos homens que põe uma barreira na minha liberdade, ou, o que é a mesma coisa, é a sua animalidade que é uma negação da minha humanidade porque, ainda uma vez, só posso considerar-me verdadeiramente livre quando minha liberdade, ou o que quer dizer a mesma coisa, quando minha dignidade de homem, meu direito humano, que consiste em não obedecer a nenhum outro homem e a só determinar meus atos de acordo com minhas próprias convicções, refletidos pela consciência igualmente livre de todos, me são confirmados pela aprovação de todos. Minha liberdade pessoal assim confirmada pela liberdade de todos se estende ao infinito."
Mikhail Bakunin

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