Dialogando com a Autogestão.

Antíteses radical e absoluta, que até o presente tem se constituído, além de que a cada dia se encontre mais distante da compreensão das grandes massas...?...na única figura conceitual que se ergue no campo das alternativas de resistência e luta contra os poderes de opressão.
Muitas tem sido as críticas e os usos vulgarizantes por parte de setores sociais subordinados aos poderes, "confundindo" tarefas coletivas (Mutirões) ou ações autogeridas com a Autogestão.
O testemunho histórico mais próximo e assistido pela referência de ações e práticas Autogestionárias,  se dão nos acontecimentos praticados e expostos pelas organizações Libertárias na Revolução Espanhola (1936-1939), combatendo o Fascismo e o Capitalismo em todas as frentes: militar, social e econômico. Resultado da decisão coletiva no modelo de Democracia direta, a qual sofreu as intervenções amortecedoras e contraditórias neste processo de quem hoje critica a Autogestão desde os setores das esquerdas institucionais e a ditadura do proletariado. Mas não é o objetivo polemizar fatos acontecidos e sim, introduzir no cenário atual, esta bandeira considerada por muitos como Utópica, o qual coincidimos desde a ótica de Galeano. Debater Autogestão, é pressupor a retomada de uma autocrítica profunda desde o individual ao coletivo no contexto Libertário. Quais são nossas aspirações reais? Que tanto fazemos na prática para demonstrar nossas convicções? Tempos de altas complexidades, onde o Capitalismo se impõe com suas versões tecnológicas como inevitável e irredutível.
Para poder desenvolver estes pensamentos vou aclarar alguns detalhes básicos sobre o capitalismo:
Um sistema evolutivo de produção mecanizada no seus começos (século XVIII), fundamentado no lucro proveniente da exploração humana e a hegemonia sobre os métodos artesanais da época, que sucumbiram de frente a um mercado de comercialização e consumo, derivado da nova transformação de organização social e tecnológica. Período do planeta  até 1850, que contava com uma população
de 1 bilhão de habitantes que até o ano 1900 duplicou a 2 bilhões. O que aporta algumas generalidades informativas a respeito do grau de contaminação ambiental, dependência ao consumo industrializado, transporte, saúde, educação, comunicação etc, de acordo com as regiões desenvolvidas e em
desenvolvimento. Convencido que nesse período seria possível desconstruir a mecânica Capitalista e tomar outros rumos, no que se refere as matrizes energéticas, estabelecendo uma alternativa tecnológica que não afetaria os vínculos com a natureza, em uma outra lógica de produção capaz de combater o Fordismo (1913) ainda em processo embrionário.
Para agregar, eram tempos de polarização de classe, que deram argumentos sólidos para a construção de ideologias de ambos lados, e mais me refiro as provenientes do campo da classe oprimida, o que sugere que a Autogestão seria totalmente possível, a partir dos conhecimentos vigentes nas massas do período em extinção (Feudalismo), imaginando um menor grau de resistência e condições a toma de consciência e adaptação.
Bem, agora coloquemos na mesa o século XXI, 7,5 bilhões de habitantes, contaminação ambiental, superando o controle tecnológico ao serviço das elites dominantes opressoras, em contínua disputa
pela hegemonia mundial.
Estes fantasmas genocidas instalam e desenvolvem um campo de guerra cotidiana, a partir de uma cultura consumista totalmente dependente dos produtos industrializados, dependência total da matriz energética contaminante, ao que se agregam todas as áreas da vida integral das sociedades que reproduzem o modelo, se fragmentando, perdendo suas identidades de classe em prol de uma falsa e nociva qualidade de vida.Tudo isto sempre na tutela e alienação induzida pelos estados, órgãos reguladores dos interesses globalizantes. De forma notória, o até aqui anunciado nos submete minimamente a revisar de forma autocrítica as propostas anticapitalistas, se é que existem possibilidades e métodos a ser aplicados. Então para começar tomemos algumas áreas estruturantes e imaginemos que logramos a revolução planetária:

É possível funcionar a partir da autodeterminação territorial cultural e identitária em Democracia?
É possível a extinção das classes sociais?
É possível socializar os meios de produção?
É possível retirar da produção tudo o que hoje consideramos nocivo e desnecessário?
É possível mudar a matriz energética e seus dependentes no consumo?
É possível produzir com a tecnologia capitalista sem contaminar o meio ambiente?
É possível uma "moeda"que mantenha a equidade e anule as especulações ?
Em concreto, é possível sobrepor e substituir a cultura imposta do Capitalismo e suas mutações por uma outra construção cultural radicalizada desde os princípios da justiça eco social Libertária ?

Estas são algumas das matérias que nos definem como revolucionários anticapitalistas ou reformistas na questão. De nenhuma forma quero deixar a ideia que essa transformação poderia ocorrer sem prever as insurgências das massas oprimidas no evento máximo da destruição dos poderes opressores.
Mas só seria o princípio de um processo evolutivo da humanidade, se  acontecesse na substituição dos poderes por modelos de democracia direta na participação de todos os seguimentos sociais oprimidos em prol da Autogestão, isso é, Poder Popular Libertário. Se não for assim, estaremos predestinados a repetir a história, trocando um poder por outro, que irá desaguar no mesmo ralo.

Retomando:

                                                Quais são nossas aspirações reais ?

                                 Que tanto fazemos na prática para demostrar nossas convicções?

                                               

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É necessária a abolição do Estado, que nunca teve outra missão a não ser a de regularizar, sancionar e proteger, com a bênção da Igreja, a dominação das classes privilegiadas e a exploração do trabalho popular em proveito dos ricos. Logo, é preciso: a reorganização da sociedade, de baixo para cima, pela formação livre e pela livre federação das associações operárias, tanto industriais e agrícolas como científicas e artística, o operário tornando-se, ao mesmo tempo, homem de arte e de ciência, e os artistas e os sábios tornando-se também operários manuais, associações e federações livres, baseadas na propriedade coletiva da terra, dos capitais, das matérias-primas e dos instrumentos de trabalho, isto é, de grande propriedade que serve á produção, deixando para a propriedade individual, e também hereditária, somente as coisas que servem realmente ao uso pessoal 
Associação operária e prosperidade coletiva (Extraído de uma carta de 3 de janeiro de 1872 a Ludovico Nabruzzi) Bakunin.

                                 










 

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