Alienação Colonialista.



Alienação colonialista, um tema que nos provoca a revisar alguns conceitos, os que consideramos estruturantes na sociedade humana e nos brindar um sentido catalizador para nossas enfraquecidas  esperanças emancipatórias, ou ao menos com a capacidade de amortecer racional e existencialmente o impacto destas transformações do presente, com o comparativo de outros presentes, não menos traumáticos das sociedades ancestrais e reminiscentes africanas por estas terras.
Cultura, entendemos esta matéria como um resultado intrínseco na natureza gregária do ser humano,
desenvolvida numa ação instintiva e inconsciente, desde sua inteligência racional evolutiva, submetida
as necessidades de sobrevivência bio-existenciais, que só toma estado de consciência no comparativo com outra expressão cultural de diferentes manifestações, o que nos traz a tona o pensamento de Bakunin e seu conceito de Liberdade:
 (O homem não pode ter consciência de sua Liberdade.Ser Livre,para o homem é ser reconhecido,considerado e tratado como tal por um outro homem,por todos os homens e mulheres que o circundam).

Esta condição natural da sociedade humana (cultura) prospera desde duas necessidades primárias vitais, em harmonia com seu habitat e seus meios de sobrevivência produtivos complementados ao plano existencial, que dá vida ao ser espiritual. Tudo isto impulsa a criação de normas, leis, hábitos e costumes, as quais regem suas socioeconomias, políticas, morais, que são manifestadas desde as artes, mitos, religiões, tradições na mais ampla expressão de suas memórias e presentes.
Assim como está se planteando neste exposto, a Cultura nos demonstraria que ela é fruto de uma
experiência coletiva em prol de um bem comum identitário, que no passar de suas gerações vai enraizando e aperfeiçoando suas tecnologias sociais e econômicas junto a sua evolução existencial.
Se revisamos o percurso da humanidade, acharemos a presença de culturas que marcaram épocas extensas da história e logo desapareceram diante a sobreposição de uma outra cultura mais forte, guerras, epidemias, catástrofes climáticas, ou pelo simples desgaste de não superar as exigências
existenciais ou econômicas diante as transformações tecnológicas do mundo externo.
Se tomamos como referência nossa América Latina, podemos testemunhar ainda de ter passado mais de 500 anos do choque violento com as culturas da civilização européia, um sem número de situações,
tantas como a diversidade de culturas existentes no continente e seus efeitos.   



Este encontro acidental do "12 de Oitubro 1492" foi o início da interrupção violenta da evolução 
das culturas originárias, muitas delas em um alto nível de organização social e tecnológica com economias baseadas na agricultura, desenvolvendo escrituras, dialetos, mitos, religiões, idiomas, esportes, artes rupestres e artesanais, muitos deles em metais (ouro, prata, platino) como meios de comunicação e transmissão educativa cultural identitária de suas organizações culturais.
Também culturas em estado primitivo, os chamados Povos das florestas, que até os dias de hoje, a partir do desmatamento de seu habitat milenário, ficam expostos a realidade colonizatóriaNestes casos, em America Latina a supressão das culturas pela via da violência militar e a imposta religiosa do
monoteísmo Cristão sobre os politeísmos originários como ferramenta de domesticação existencial 
percorreu os caminhos tortuosos e genocidas da escravidão, aos quais são agregados grandes contingentes sequestrados do continente Africano, o que aprofunda ainda mais o grau de desumanização aberrante desta ação colonizadora de enraizadas consequências até os dias de hoje.




As culturas da Europa Mediterrânea e Anglo Saxona se estabelecendo no "Novo Mundo" desde suas monarquias, já com sinais de decadência do sistema Feudal Mercantilista, oxigenam suas economias com a exploração dos territórios e suas humanidades submetidas ao sistema da alienação integral de suas culturas, no entanto consolidam-se suas colonias com seus controles militares territoriais,
socioeconômicos e de alienação religiosa, se preparando para receber futuramente as novas versões dominantes, derivadas das transformações provenientes das caídas das Monarquias, substituídas pelo mundo da República do estado liberal burguês e o sistema de produção capitalista.

Neste simples quadro de 525 anos de submetimento forçado a desculturação étnica originária e das grandes massas sequestradas do continente africano, além dos contumazes e heroicos esforços das  resistências históricas, ao que se somarão após do consumado civilizacionalismo os interpretativos das novas trincheiras, esta vez desde o pensamento Latino-americano, o que ate o presente não alcançou a se sobrepor as influências do etnocentrismo eurocêntrico, fato a se demostrar no presente,
desde a profundidade estrutural manifestada por nossas sociedades século XXI e suas representações político institucionais hospedeiras do vírus da alienação colonialista pós moderna e neoliberal.


                      http://www.dhdi.free.fr/recherches/theoriedroit/articles/agustivachon.htm

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