A Neo esquerda no 2018.



Na minha opinião, o que estamos vivendo conjunturalmente merece ser interpretado desde os estudos e análises das ciências sociais, políticas, jurídicas e econômicas, mas como militante social vou me manifestar pela necessidade de me comunicar, colaborando no campo dos pensamentos e intercâmbios compreendidos desde a área do saber popular.

 Para começar, quero partir de uma consideração visível e notória: que esta crise é um dos tantos reflexos provenientes das inovações artificiais criadas pelo sistema Capitalista, projetada pela aplicação da financeirização do capital e que não é exclusividade do Brasil, é global.

 A qual toma uma outra dimensão de aprofundamento nas regiões subdesenvolvidas, neste caso o Brasil, que entre os elementos participantes se visualiza notavelmente o forte ressurgimento do
conservadorismo, perfil totalitário, facilitando a aplicação da receita neoliberal, tomando conta da institucionalidade política, deixando o sistema "Democrático" a beira do colapso.

O Brasil no seu tamanho continental, pousadouro do mais de 10% aproximado das reservas florestais  do mundo, somando as áreas minerais e aquíferas super valorizadas no mercado das novas tecnologias, consolida-se como um alvo catalizador de vital importância para o domínio da região continental, na mão do corporativismo imperial globalizado.

Neste contexto, o estado Brasileiro consegue transparecer o agravamento dos níveis históricos das injustiças internas nas áreas dos direitos humanos, com seu extermínio étnico e racial aplicado de forma sistemática a população originária e periférica urbana, de maioria negra, se colocando também no topo da injustiça global ecológica como o maior consumidor de Agrotóxicos, requeridos pelos mono cultivos transgênicos, abastecedores dos setores industriais nacionais e mundiais.

No entanto, o Agronegócio como agregador aproximadamente ao 23% do PIB nacional é contemplado, conciliatória e irresponsavelmente, pelos governos de plantão, baixo uma atitude de impunidade, que estimula e agrava os acontecimentos, ainda mais com o desmatamento Amazônico, que entre outras calamidades, soma-se os fatos  socioambientais, como o da mineradora Samarco em Mariana e atualmente no município de Barcarena no estado de Pará pela mineradora Hydro, como uma mostra recente e testemunhal da ausência do estado no controle da exploração do patrimônio ambiental e de ações punitivas aos responsáveis.

Para que este aprofundamento da crise de ordem institucional "Democrática" acontecera, não foi por um toque de mágica, da noite para o dia, e o Brasil se transformara em tudo isto que estamos vivendo.
Este foi um processo que começa a partir da reabertura pós ditadura militar, com o desparecimento dentro do discurso da neo esquerda progressista dos conceitos de luta de classes.
 Apostando ao populismo reformista conciliatório, com uma ambição notória de chegar ao topo do poder.
Esta modalidade, para muitos setores que ainda se alinhavam dentro dos imaginários da revolução, foi tomado criticamente como uma estratégia que abriria espaços de debate nas bases populares, capazes de criar um acúmulo e se sobrepor as derrotas sofridas no processo ditatorial.

Mas no passo do tempo e a partir do ano 2003, com a ascensão do lulismo, os conceitos de classe foram apagados do discurso da neo esquerda institucional e substituídos pela ordem do mercado neoliberal, desconstruindo passo a passo o frágil acúmulo nas bases populares das organizações de classe e orientações críticas, legitimando o sistema "Democrático" culturalmente corrupto diante as massas como Perfectível.

O período que se transitou pelo populismo governante consegue amortecer as críticas provenientes das esquerdas revolucionárias, facilitando o desenvolvimento ascendente desta nova Ordem, que se instalou sem maiores obstáculos, por dentro da consciência das massas trabalhadoras, seduzidas pela sua incorporação econômica "Padrão classe média" ao mercado do consumismo neoliberal.
Este modelo, esgrimido baixo a orquestração da figura do Populismo assistencialista, se apresentou com um plano de ação de melhoras pulverizadas, diante as profundas urgências sociais históricas,  arrastando os seguimentos sindicais e sociais, a reprodução nas suas áreas de atuação, nos mesmos parâmetros conciliatórios diante as patronais nacionais, oficiais e corporativistas internacionais.

Se tomamos como referência na história da última década, nos acontecimentos do colapso mundial financeiro dos anos 2008-2009  podemos entender que poderão ter servido para acender a luz de alerta nos setores da Burguesia nacional e seus aliados, de quais serão os passos futuros do Imperialismo financeiro nestas horas presente.
Decidindo  retomar a condução política e econômica a qualquer custo, aproveitando o imaginário conciliatório de uma só parte dos setores políticos gerados pelo Lulismo, com o atropelo ao sistema "democrático", partindo do segundo mandato Dilma Roussef.
Ação amparada na interpretação política e jurídica da constituição de modo ideologicamente seletivo, se expondo com um alto grau de corrupção de imutável impunidade, conseguindo expor diante a opinião pública mundial o sistema "representativo" institucional de forma integral.
O que solidamente comprova, na melhor das opiniões, a Soberba inocente dos governos progressistas ao não ter tentado desarticular as estruturas jurídicas constitucionais e seus aparatos repressivos no apígeo de suas gestões o que deixa muitas dúvidas na questão.

No entanto, se observamos as perspectivas reais, provenientes das arenas preparatórias para o grande
circo eleitoral do 2018, as constelações do zodíaco institucional, para nós, os de Baixo não nos anunciam boas notícias.
Para poder concluir de forma crítica, breve e grossa, pergunto:
Algum setor da oposição neo esquerda esta propondo:

Métodos de Democracia popular direta nas 3 esferas dos poderes para consultar os grandes temas do País?
Extinção do Agronegócio e a compensação do 23% do PIB gerado por ele, partindo de uma reforma agrária descentralizada nos conceitos da soberania alimentar e ecológica ?
A nacionalização da Banca financeira e a recuperação das empresas entregas ao capital global ?
Desmilitarização da polícia ?
O reconhecimento titulado das demandas territoriais das culturas originárias e Quilombolas irrestrito?
A reestruturação integral do sistema energético ?
Etc.
Em definitiva, sem soberania econômica desde a produção e as finanças e o exercício do submetimento étnico racial enquadrados nas fronteiras do País, a Democracia é uma farsa e o Estado um "capitanato" colonial.

Isto são algumas das coisas para começar a falar criticamente de mudanças e transformações que  permitam nos autodeterminar no conceito da real Soberania como País.
Então, de forma clara todos sabemos que não tem nada disso, nas propostas declaradas nem sinais ideológicos de preparação para um cenário futuro de rupturas com os poderes dominantes.
Além de inventos aventureiros por parte da neo esquerda para a carreira presidencial.
Quadro este que nos deixa num estado de impotência e raiva, que só nos convoca a insurgência e a desobediência como último e legítimo recurso de resistência e dignidade.














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