Recortes



O ser humano e sua inteligência racional no seu trânsito pelos tempos, foi se constituindo numa espécie que atuou como o máximo catalizador das contradições, diante as chamadas leis do universo, habitat.
Suas atitudes, no trato com os recursos naturais inter-relacionados aos seres vivos, componentes necessários dos ciclos insubstituíveis na manutenção dos ecossistemas, ao parecer, não foram, nem são contemplados, com a lógica e racionalidade de se sentir parte afetada, nesse processo predatório que hoje nos coloca num túnel sem saída.

O que também nos exige conscientemente no começo destes recortes do mundo que nos tocou viver, é ressaltar o "ser humano" com expressão crítica na sua generalização.
O qual se desenvolveu sob a hegemonia de um sistema Patriarcal castrante, diante seu par de gênero e de qualquer outra expressão interpretada pelas sociedades.
Sempre aplicada desde um preconceito moral religioso, que foi tomando conta das estruturas, educacionais e políticas dos estados, até o ponto de se culturalizar socialmente e cometer crimes históricos de Lesa Humanidade, por exemplo: Inquisição.


Pode se tomar a fundação e  desenvolvimento do Capitalismo como síntese de uma tendência histórica, a  que poderíamos denominar "Transtorno Existencial da Racionalidade"(ausência racional comparativa), fator predominante no chamado mundo "Civilizado", portador evolutivo de uma "plena" consciência do universo que compartilhamos.
O T.E.R no Capitalismo tem conseguido arrastar o SER, e sua identidade comunitária por um plano de insensibilidade a cada dia mais contraditório, que de forma geométrica o tem isolado do mundo real e até de seu natural instinto de preservação.
Este sistema sempre desfrutou dos benefícios que presta o despreparo educacional, propositalmente orquestrado pelos poderes dominantes, com o fim de manter as grandes massas oprimidas e induzidas a submissão obediente culturalizante, de correntes coniventes do idealismo religioso, as que se somam as práticas de repressão genocida dos Estados.

"Pela constatação e por uma espécie de consagração dos fatos realizados, porque nos desenvolvimentos práticos da humanidade, tanto como na ciência propriamente dita, os fatos realizados precedem sempre as idéias, o que prova mais uma vez que o conteúdo do pensamento humano, seu fundo real, não é uma criação espontânea do espírito, e sim que é dado sempre pela experiência reflexiva das coisas reais." (BAKUNIN; 1977, p. 202).

Neste breve transcorrer do Capitalismo na história da humanidade, dá para entender que sua dinâmica agrega na sua vertiginosa corrida, elementos a cada dia mais distantes da compreensão comum das sociedades (Tecnologias) introduzindo a estas no código de barras como o conceito substancial de um produto em série inacabado e com a suspeita da criação de uma obsolescência programada para os excedentes improdutivos (extermínio).
Este quadro, ao parecer, colaboraria notavelmente com o T.E.R , reduzindo a capacidade cognitiva do SER social comunitário e suas consequências a cada dia mais visíveis.

Seria possível desconstruir o Capitalismo ?

Uma pergunta que só se poderia tentar responder desde um conjunto de ciências vinculadas ao Materialismo e suas interpretações da dialética até as consequências atuais do sistema. 

Considero de vital importância e inevitável a necessidade de me expressar com uma profunda agonia, aplicando as superficiais informações e conhecimentos adquiridos por estas, que vão passo a passo se costurando de forma leiga no mosaico de minha consciência.

"O homem cria este mundo histórico pela força de uma atividade que encontrareis em todos os seres vivos, que constitui o próprio fundamento de qualquer vida orgânica e que tende a assimilar e a transformar o mundo exterior segundo as necessidades de cada um, atividade, consequentemente, instintiva e fatal, anterior a qualquer pensamento, mas que, iluminada pela razão do homem e determinada por sua vontade refletida, transforma-se nele e para ele em trabalho inteligente e livre." (BAKUNIN, 1988; pt. 70).

Nessa transformação do mundo exterior de forma notável em referência ao universo (matéria).
 Na pré civilização da humanidade, o uso e a transformação pode ser considerado como um recurso vital da inteligência racional, estimulada pelo instinto de preservação, que não dá lugar críticas.
O que de fato nos constata a condição biológica do Ser, 
adaptação da sua inteligência racional em prol da sobrevivência em condições extremas.
No entanto, se criarmos um paralelo num lapso dos últimos 200 anos até os dias presentes, sob o domínio do sistema capitalista, podemos dizer que a aceleração nas inovações tecnológicas, provenientes da sequência evolutiva
da inteligência humana, nascidas das causalidades dos tempos primários, transformaram-se nas mãos do sistema em questão num "Bumerangue".
Que nos coloca novamente num cenário em condições de sobrevivência, mas desta vez, pelas consequências causadas pela perda de equilíbrio de forma irracional diante a biodiversidade planetária.

Essas causalidades anunciaram seu trânsito pré civilizatório no desenvolvimento das sociedades do período Paleolítico (nômades,Idade da Pedra Polida).
Que se projetariam ao sedentarismo e suas culturas agrícolas com a domesticação de animais e a uma consciência de reserva produtiva, as sementes, com os fins de manter a sequência que garantira sua sobrevivência e sua estadia no local selecionado para o assentamento.
O aperfeiçoamento das tecnologias na suas ferramentas de cultivo e de caça  se denominaria período Neolítico, Idade da Pedra Lascada, exemplo: arado de pedra.   

O aumento populacional destas sociedades foram exigindo maiores resultados  nas funções do sistema produtivo primário artesanal, em que a colaboração e o sistema de trocas de conhecimentos e insumos tiveram um papel preponderante na evolução das mesmas.
Assim chegamos a Idade dos metais (Mineração) uma inovação "revolucionária" que transformaria as antigas estruturas produtivas, sociais e econômicas em várias regiões do planeta.
O que além dos benefícios notáveis na superação do primitivismo que o antecedia, aumentaria a exploração forçada da humanidade, deixando um ponto referencial para o futuro e seus novos desdobramentos.

Todos estes períodos são guiados partindo dos
conhecimentos adquiridos pelas causalidades na transformação da matéria com fins de sobrevivência.
O que, com a passagem dos tempos serão convertidas em unidades econômicas especulativas, e aplicadas como ferramentas de poder, servindo como fundamento sequencial para a exploração inconsequente do habitat e de sua própria espécie, que já contava com essas  referências históricas desde os tempos remotos.


 Podemos marcar referencialmente como paradigma sistêmico, resumo desse processo histórico, o Feudalismo, que conseguiu organizar os valores mais críticos da moral social e econômica das sociedades que o antecederam. Abrindo e reforçando o passo a novas práticas, sempre dentro de uma orientação especulativa. 
Vale também ressaltar o Mercantilismo, que sem se constituir em um sistema, deixou um acúmulo experimental para o futuro do desenvolvimento Capitalista.

Cortar a árvore para construir seu refúgio e queimar a lenha para se aquecer e se alimentar, não é o mesmo que cortar a árvore em escala de desmatamento e incinerar em função de uma atividade econômica especulativa, destruindo os ecossistemas.
Deixando a beira da extinção culturas milenárias em nome do Tal agronegócio, um dos maiores e nefastos paradigmas de nossos tempos, que concretiza o sonho de mais de 500 anos do sistema colonizador, superando as etapas do feudalismo latifundiário, presente em nosso continente em grande escala até poucas décadas atrás. 

A transformação da matéria em escala produtiva através dos tempos, se começa a projetar ao futuro da humanidade na decadência da idade média.
Regida pelas monarquias feudais, na Europa Ocidental, dando como resultado a chegada da idade Moderna. O que originou a formação de uma nova classe social, a Burguesia, no século XV.
Que sob seus desígnios fundamentados na propriedade privada surgiria a Revolução Industrial e o Capitalismo, no século XVIII, na Inglaterra.
Uns dos fatos catalizadores do sistema de produção inovadora foi o aperfeiçoamento por James Watts em 1769, de um projeto em trânsito a séculos, a máquina a vapor ( alimentada a carvão vegetal: desmatamento).
Este período de grandes convulsões na culturas sócio econômicas e religiosas ocidentais, detona no centro das monarquias mediterrâneas em uns dos símbolos mais fortes do sistema em questão, a queda da Bastilha,criando-se historicamente a emblemática figura da
Revolução Francesa.    
 Paralelamente em nossa "Ameríndia", há quase 300 anos
do começo do extermínio étnico (1492), executado pelos 
colonialismos europeus, passava-se por lutas independentistas nos estados constituídos sob as rédeas das monarquias feudais colonizadoras, os quais prosseguiriam o mesmo caminho em prol da república liberal Burguesa.
Este fato não mudaria em nada as ações do colonialismo,
o qual se reafirmou junto as Burguesias nacionais no plano da exploração econômica (sistema liberal), que de forma histórica serviu para subsidiar as devastações de grandes conflitos bélicos em seu continente, como também o desenvolvimento de suas sociedades e tecnologias.
No entanto, prosseguiram de forma consistente   enraizando suas culturas Eurocentristas, integralmente nas colonias, combatendo, desconhecendo e exterminando as civilizações originárias (Maias, Incas, Aztecas, Guarani, entre outras) e de contingentes étnicos (África) em estado de escravidão.

A passagem de 5 séculos até os dias presentes nos deixa de frente a uma verdade incontestável, em referência aos acontecimentos marcados no 12 de outubro de 1492, com a interrupção violenta e castrante com as culturas ocidentais sobre os territórios Ameríndios.
E é assim que esta intervenção colonialista, até os dias presentes, segue seu trânsito devastador, genocida, mas desta vez desde um sistema consolidado e globalizado (Capitalismo).
Em que de forma indireta, dá lugar dentro do mercado do Neoliberalismo mundial, a exploração dos recursos humanos naturais e econômicos deste continente. Oportunizando-se das alterações fisiológicas, forçadas historicamente sobre os povos originários e as grandes massas remanescentes da escravidão (África), com suas transformações sociais, culturais e religiosas.

 Porque introduzimos as "Américas" dentro de um contexto simples da história da humanidade e seu habitat ?

Se consideramos que nelas, na atualidade, encontram-se as últimas reservas de água doce, mineração, florestas nativas, terras férteis do planeta. As quais albergam sociedades originárias, muitas delas desconhecidas ou em estado pré "civilizatório", além das populações em ordem geral adaptadas ao processo de colonização Eurocentrista.
Não nos deixa lugar a dúvidas, na relevância de que fomos deixados de forma proposital como última reserva pelos sistemas dominantes. Que conseguiram nos administrar no subdesenvolvimento do capitalismo, estrategicamente através da história para um futuro, que é hoje, em prol dos recursos ecológicos e da exploração humana, mantendo-nos cativos a seus interesses.

Mas voltemos ao princípio da escrita, em que mencionamos o T.E.R (Transtorno Existencial da Racionalidade).
Para tentar sustentar esta tese, nos apoiaremos na teoria da Seleção natural de Darwin da evolução das espécies.
Se considerarmos nossas origens como animal mamífero, como tantas outras espécies, além das condições na capacidade de adaptação ao habitat e reprodução, que nos coloca dentro da tese Darwinista, encontra-se o único diferencial até o momento conhecido e adquirido, que é a inteligencia racional.
Este dom natural certamente transitou junto ao processo  biológico da evolução, como fator preponderante na adaptação da espécie, "superando" sua animalidade originária até o ponto de controlar e usufrutuar a seus  benefícios a maioria da vida planetária e modificar o habitat com resultados catastrofísticos.
E aí está a questão: o demonstrado até agora converte os "humanos" em seres predatórios.


1) Isto poderia ser tomado como parte natural de sua existência? 
2) Um transtorno provocado pela ausência comparativa de um outro referencial com inteligência racional?
3) Ou um processo evolutivo inacabado de ordem psico-evolutivo que faz uso de suas condições excepcionais e refinadas, sendo guiado pelos instintos primitivos da animalidade? 

 A nosso entender no aqui refletido, respondemos:

1) Seria o fim da sequência evolutiva da espécie e uma negação a correntes críticas contrárias aos fatos em questão.

No entanto, as figuras das questões 2 e 3 teriam um grau de compatibilidade entre ambos deixando em aberto, que uma outra humanidade é possível.

Na conclusão do aqui vertido e em resposta a se seria possível a desconstrução do Sistema Capitalista ?

Podemos e devemos opinar que Utopicamente sim, seria possível. O que diferiria  desde a ótica técnica cientifica, que 
tomaria em consideração, ainda num consenso global, o enraizamento cultural do sistema e suas matrizes de produção e consumo, com seus tempos nas mudanças alternativas, sempre na contramão das reservas planetárias.








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