Uma
presença global
"inesperada",
é assim que a
Covid-19 –
causada por um vírus altamente contagioso que se alastrou até
atingir o nível de pandemia –
é percebida pela
maioria da população mundial. No
meio científico, porém,
em especial entre epidemiologistas e especialistas de saúde pública,
uma
catástrofe dessas proporções já era esperada, tendo havido vários
alertas
antecipados.
Ninguém assumiu a responsabilidade de nos preparar para essa
situação, especialmente os poderes globais representantes do
capitalismo neoliberal,
que ignorou esses apelos de diferentes áreas das ciências e negou
(alguns seguem negando) sua realidade, ocupado demais em lamber as
feridas da profunda
crise que
vive nos últimos anos.
O
que antes da eclosão da Covid-19
podia ser chamado de
"irresponsabilidade", aos poucos vai-se transformando em
anuência
com um verdadeiro
Genocídio Global. Guardadas
as particularidades
de cada país,
de Estado a Estado, é
notável como
essa tragédia
em massa é
tratada de forma vulgar, sempre
o capital ficando
resguardado.
Embora
no discurso pareçam expressar solidariedade e ter
consistência científica, na
prática as ações não o são, sendo escassos os sinais
humanitários. Tal
inconsistência lembra o mote de Joseph
Goebbels, Ministro de propaganda da Alemanha Hitleriana,
de que "mentiras
repetidas 100 vezes se transformam em verdade".
Nossa
experiência mais próxima
sugere que
a mesma mentira se repita em nível de Brasil. O
poder executivo, facilitado pela crise pandêmica, acelera dia após
dia,
uma estratégia de implantar
"minas
terrestres" nos territórios institucionais, promovendo
conflitos
que ameaçam
gravemente a
ordem republicana.
O
meio-ambiente explodindo
no coração da
amazônia, a impunidade
amparando
o desmatamento, o garimpo e as queimadas em
benefício da expansão da grilagem de terras em áreas de
preservação.
O
agronegócio promovendo
a monocultura,
os agrotóxicos
como bandeira, ameaçam
derrubar as
últimas linhas de defesa ecológica, levando junto
consigo a
contaminação da
pandemia
aos últimos redutos
onde sobrevivem
os últimos representante da Ameríndia
em estado originário.
A
educação
distorcendo
a realidade, o punho
em riste e a
letra assinando
o Livro dos Absurdos em pleno século XXI, (Terra plana),tentando desautorizar a
ciência e os
conhecimentos adquiridos pela humanidade,
jogando-nos 7
séculos para
trás.
A
saúde
descaracterizada,
seus princípios
universais esquecidos,
revela-se
na figura da
omissão de assistência. Uma
sociedade desamparada de recursos técnicos e de orientação para
a preservação
da vida humana.
A
segurança, uma
corrida armamentista sem precedentes, de perfil miliciano paramilitar
transitando por
toda parte com
salvo conduto para matar, refugiando-se
no medo das populações à
espera da voz de
comando para o dia do assalto final. Fracassou
na primeira
“detonação”
que atingiria os órgãos Federais de "segurança”, mas
sua onda expansiva seguirá
percorrendo
um longo caminho de conflitos com
o STF mirando
a uma
possível
intervenção final no
congresso Nacional,
quase uma
réplica da tentativa de Impeachment de
Trum
nos EE.UU.
A
justiça
enredada
na trama do mais
escancarado conflito
de interesses,
propagando-se
por dentro da institucionalidade republicana e causando
efeitos em
todas as áreas
do que
chamam “Sistema
Democrático". Ali
está sendo detonada a "mina
terrestre" destinada a atingir o sistema "Democrático",
e causou
os primeiros
danos em
nível ministerial,
servindo
para ascender rumo
ao
STF, com o
objetivo de implodir por dentro a leitura interpretativa atual da
Constituição Federal. Falta
pouco para consumar esta que
seria a substituição da
"democracia" por
uma verdadeira “autocracia”, ou,
em outras palavras, nos
tornaríamos uma ditadura
constitucionalizada.
A
Cultura…
bem, para
sintetizar melhor esta área vamos dar espaço à
opinião de Vladimir Safatle publicada
em Carta
Capital:
"Fazer uma transformação
radical na estrutura social e cultural do País. É uma revolução
cultural, como o nazismo foi uma revolução cultural. Aquela frase
atribuída ao (ministro da propaganda da Alemanha nazista Joseph)
Goebbels “quando eu ouço a palavra ‘cultura’, eu tiro meu
revólver”, é completamente falsa, Goebbels nunca falou isso. Os
nazistas se viam como uma espécie de luminares da transformação
cultural da Alemanha. Eles justificavam a eugenia utilizando Sêneca
(advogado e intelectual do Império Romano), diziam que (o filósofo
grego) Platão era a favor de uma sociedade racialmente dividida.
Esse era o horizonte perseguido pelos nazistas. Não era só um
processo capitalista, era transformação cultural do país. É isso
que Bolsonaro quer. A gente não leva a sério o que ele é. O seu
guru (Olavo de Carvalho) é um sujeito que se diz filósofo e coloca
a batalha cultural como um elemento central. Essa batalha tem esse
horizonte: transformar as mentes, a maneira com que as relações no
interior da sociedade brasileira vão se dar."
https://www.cartacapital.com.br/politica/bolsonaro-se-ve-a-frente-de-uma-revolucao-em-marcha-e-nao-vai-parar/
Para
finalizar, duas
reflexões prementes, talvez úteis
diante da
ameaça pandêmica e do
que pode vir a ser o pós-pandemia:
até onde quer o
"Estado"
alcançar, partindo
da
visão de nossos
atuais governantes ?
Mais que assumir maior responsabilidade
para
com nossas
vidas, almejariam
controlá-la
ao ponto de manipular
nossas
consciências
e mesmo
nossa genuína solidariedade?
Paranóia
→
“Segundo Hillman (1993), o
delírio paranóico é incorrigível e intangível a qualquer tipo de
persuasão, seja pela via da razão, pelas evidências de sentido ou
pela emoção. O sujeito crê em seu delírio como uma realidade
concreta e elabora explicações muito completas e lógicas, em sua
concepção, para explicar essas crenças. Na paranóia o estado
delirante se mostra mais abertamente, pois é característico do
paranóico que ele revele pensamentos que seriam considerados
inconfessáveis para qualquer neurótico. Justamente por acreditar
que o seu delírio é realidade, o paranóico consegue expressa-los
mais abertamente, já que para ele sua crença não possui nada de
absurdo e, sim, constitui-se de fatos concretos. A conduta geral, a
fala e as reações do sujeito permanecem inalteradas. Não há
comprometimento da inteligência ou da capacidade de sentir e
expressar emoções. Para Cromberg (2000), paranóia é "uma
doença da interpretação que se cristaliza como certeza e verdade
únicas que ganha expressão no delírio".
“Sindrome de hubris”
→
“(…) citada
pelo médico e político inglês
David Owen em sua obra “The Hybris Syndrome: Busch, Blair and the
Intoxication of Power”. Esse
termo origina-se da
palavra grega “hubris” que significa excesso. Em seu
trabalho Owen a
define como “A autoconfiança exagerada dos políticos quando
alcançam o Poder e incorporam
a excessiva autoconfiança
do Sujeito-em-si-mesmo, um orgulho exacerbado e o desprezo pelos
outros, podendo
derivar em
abuso
de poder (autocracia) e
a tentação
de prejudicar a vida dos demais".
Coletivo;Tacuabe Rebelde.
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