De utopias e Distopias



Muito vem se utilizando nos últimos tempos com o fim de enquadrar metaforicamente a gravidade dos extremos eventos instalados na sociedade humana o termo Distopia.
Um recurso expressivo que emana diretamente de uma visão ótica simétrica binária, que toma como raiz referencial o termo Utopia.
A gênesis desta palavra provem do imaginário de Thomas Morus, humanista Inglês do seculo XVI que em 1516 retrata em sua obra literária " A ilha da Utopia" sua visão espiritual religiosa.
O que para alguns entendidos na matéria refletiria a influência de Platão
desde seus escritos da obra conhecida como "A república".
A Ilha da Utopia nos mostra desde seu caráter fantasioso uma crítica radical, antíteses aos sistemas de opressão e suas consequências, nas degradações morais e éticas das sociedades, envolvendo suas práticas econômicas na ausência do respeito ao bem comum e a vida humana e não humana planetária.

A presença da Utopia na vida das sociedades tem se constituído num elemento
de alcance popular, capaz de expressar suas inconformidades e sonhos diante as realidades mais adversas. Também como potencializador de esperanças além de pertencer ao campo do idealismo em lutas propiciadas por correntes do materialismo.
   
Eduardo Galiano escritor Uruguaio a interpretação do desconhecimento popular e as críticas dos setores manifestados a negação desta figura por falta de elementos práticos desde a ordem do pensamento materialista difunde acertadamente em seu colóquio com seu público leitor; a partir de um texto que desconheço a autoria:

 Para que serve a Utopia?

“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”

 Ao que também podemos agregar como apoio moral e humano, estas palavras
expressadas desde a poesia de Mario Benedetti.

Defesa da alegria

Mario Benedetti

Defender a alegria como uma trincheira…
defendê-la do escândalo e da rotina
da miséria e dos miseráveis
das ausências transitórias
e das definitivas
defender a alegria por princípio
defendê-la do pasmo e dos pesadelos
assim dos neutrais e dos neutrões
das infâmias doces
e dos graves diagnósticos
defender a alegria como bandeira
defendê-la do raio e da melancolia
dos ingênuos e também dos canalhas
da retórica e das paragens cardíacas
das endemias e das academias
defender a alegria como um destino
defendê-la do fogo e dos bombeiros
dos suicidas e homicidas
do descanso e do cansaço
e da obrigação de estar alegre
defender a alegria como uma certeza
defendê-la do óxido e da ronha
da famigerada patina do tempo
do relento e do oportunismo
ou dos proxenetas do riso
defender a alegria como um direito
defendê-la de Deus e do Inverno
das maiúsculas e da morte
dos apelidos e dos lamentos
do azar e também da alegria

O que sugere ler imaginariamente como exercício interpretativo, substituindo a palavra Alegria por Utopia transformando o final " e também da Distopia"

Que seria a Distopia?
O fim da capacidade existencial de perder a imaginação e a vontade de viver?
Ou talvez o que se acreditava como Utopia não era tal e se fundavam nas estruturas existentes, sendo só um desejo que contava se como eixo de forma individual e que não contemplava a diversidade de tragédias da vida humana nem o futuro das novas sociedades e sim seu próprio bem estar ?
Para nós a Utopia transcende os tempos e os espaços transitando pelo caminho da liberdade, implacável diante as adversidades, impossível de ser derrotada no entanto exista um suspiro de vida, nesta controvertida humanidade.


                                               





























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