Um olhar: a outra cara da mesma moeda

                                    Um olhar: a outra cara da mesma moeda.


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Do histórico

Após da geografia territorial e econômica provocada pelos resultados no ¨fim¨ da segunda guerra mundial, os países ¨subdesenvolvidos¨, desde a ótica do capitalismo, recebem os primeiros impactos da nova ordem. Os países devastados pelo evento bélico recorrem as riquezas primas de suas ¨antigas¨ colônias, que serão um prato cheio para a reconstrução e desenvolvimento de suas economias.
Os países Latino-americanos não ofereceram pressões competitivas no marco do processamento industrial de seus produtos, já que se encontraram em um estado de desenvolvimento tecnológico primário, dependentes da sequência colonizante.
Além de não contar com os esses recursos  para o processamento da produção agrícola e industrial, a venda de matérias primas (Commodities) alcançaram altas porcentagens de exportação, no que hoje é denominado P.I.B, o qual se concentraria nas oligarquias da época.

Este quadro da economia, considerando o Brasil como foco da matéria, atua como catalisador para fortes investimentos privados e institucionais, nas áreas industriais urbanas das cidades polo, o que provoca uma consistente migração campo cidade.

O latifúndio de corte feudal, selvagem, se expandindo sem controle, gerando a fome, o trabalho forçado em estado de escravidão, deixando só a opção migratória dos centros urbanos como única "saída".
 Esta "opção" não seria tal, se a observarmos sob a ótica estratégica do Estado e suas composições de poder, por um lado o setor latifundiário se apropriando palmo a palmo das terras como reserva especulativa para o futuro (Agronegócio, Mineradoras) e por outro, o setor industrial em crescimento, requerendo mão de obra a baixos custos operativos.
O que nos deixa nítido e de forma notável que esta "opção" atuou como um despejo induzido em massa, graficamente no formato de um funil a desaguar na praça da exploração dos centros urbanos. 

Rapidamente o mercado de locação habitacional, regular e irregular, de médio e baixo porte, fica sem respostas, obrigando a essas correntes migratórias a se deslocar a territórios periféricos.
E esse é o ponto em questão, a responsabilidade histórica do estado nas políticas públicas habitacionais e fundiárias.
Elas nunca existiram na altura das exigências mínimas da dignidade integral das sociedades mais desfavorecidas, as quais sempre foram dependentes dos interesses de especulação imobiliária (Campo, cidade).

Servindo historicamente nas quadras da política institucional como bandeira eleitoreira e na suas aplicações desde os Governos de turno, uma oxigenação (assistencialismo), válvula de escape e controle militar da superpopulação periférica diante um possível estalido social.
Em outras palavras, fazer algo para não fazer nada pela gente e tudo pelas oligarquias. 
Tanto é assim desde a ótica econômica especulativa, que todos os programas habitacionais e rurais financiados com recursos públicos desde seus fundamentos estruturais apontaram a consolidação da propriedade privada, os quais serviram e servirão com o tempo, como uma mega transferência desses recursos a praça de especulação imobiliária formal e informal. 


 Período Progressista

A passagem do progressismo no Brasil foi um período na desaceleração das lutas históricas dos Movimentos sociais nas áreas da Reforma Agrária e os movimentos urbanos. Nessa desaceleração intervém entre outros fatores a citar na continuidade do texto.
As transformações estimuladas por estes setores governamentais, acompanhando a demanda global da produção capitalista, é oferecida sem notáveis responsabilidades para a salvaguarda dos sistemas ecológicos e da sociedade humana e não humana em prol do desenvolvimento econômico estatal e privado.  Incluindo áreas rurais junto a amplos espaços de preservação ambiental, o que originou um forte investimento por parte das empresas do agronegócio e seus operativos industriais, deixando atrás o modelo latifundiário improdutivo.
Modelo que representou um dar as costas principalmente ao sofrido histórico de lutas pela terra, o qual se arrasta desde os princípios colonizatórios.
No entanto, nas regiões urbanas a construção civil da mão da especulação imobiliária toma conta das cidades, rompendo o cerco do avanço das populações periféricas na continuidade histórica dos despejos forçados, destinados a construção de empreendimentos de alto e médio padrão econômico. 
Cenário de injustiça social dissimulado pelos progressistas com programas habitacionais insuficientes, taticamente distribuídos entre as milhões de famílias em situações precárias de todas as regiões do país, o qual de não ser atendido fragilizaria possíveis inconformidades em massa, a qual também colaboraria com o amortecimento do desemprego, justificando o incremento econômico sem precedentes na capitalização dos setores privados, principalmente nas áreas da mineração e a banca financeira.
Nestes modelos de transferência populacional foi constatado de forma notável a ausência de programas ao estímulo comunitário de forma integral, se transformando muito deles em verdadeiros campos de concentração. Geralmente essas construções, destinadas para população vulnerável, feitas de má qualidade, pequenas, em áreas sem infra-estrutura, longe dos centro urbanos, sem preparação das populações, nem identidade com o novo território. Sem equipamentos comunitários de saúde, educação, segurança, trabalho, lazer. Ocasionando novas evasões por falta identidade. Indicando que futuramente o valor fundiário será superior a uma casa deteriorada, voltando a especulação imobiliária. 



Dos Movimentos sociais.

Estes históricos embrionários em desenvolvimento, apontavam a consolidar um cenário crítico da luta de classes (Campo, Cidade).
Os quais foram afetados notavelmente  diante a política destes governos de corte conciliador com as burguesias nacionais. Ditos governos, tiveram a capacidade estratégica de resolver negativamente as tramas complexas de um confronto histórico em linha ascendente, após o período ditatorial por mais de duas décadas, postergando os grandes temas nas áreas da regulação fundiária, campo-cidade, entre eles os territórios reivindicados pelos movimentos da Reforma agrária, indígenas e quilombolas, abrindo passo aos requerimentos e prioridades do mercado capitalista rumo a versão Neoliberal. Este modelo teve seu ponto forte na abertura de mercados multinacionais tanto como nas áreas da inovação do Pré-sal, indústrias do aço (mineradoras), monocultivos (agronegócio), indústria laboratorial, automotriz, energia e bens de consumo. O que derivou na diminuição do desemprego, criando um sistema de status artificial econômico acompanhado pelo amortecedor assistencialista, antes mencionado, que "amparava" a grandes setores populacionais excluídos do sistema médio nas áreas do consumo. 

Tal modelo  atuou como catalisador na provocação de crises internas dos movimentos sociais deixando exposto no contexto de suas direções as dependências ao sistema político institucional.
Estas dependências correram atrás das diferentes matizes interpretativas partidárias, sempre com o objetivo do poder institucional, abandonando os trabalhos históricos de base, postergando as necessidades do debate e os objetivos teóricos fundacionais, ocasionando o começo de uma fragmentação que mostrara  a luz dos acontecimentos, estruturas ausentes de participação popular.

Não existe Vácuo.

Se transportarmos metaforicamente este conceito científico aos espaços referenciais da sociedade humana, também nos vamos a encontrar por dentro dessa constatação incontestável.
O que sugere para os momentos atuais no Brasil, que o progressismo deveria assumir a guarda compartilhada desta criatura vinda dos porões do eugenismo retrógrado, com a maior versão autocrítica que possam imaginar.
Para ao menos deixar de combater e arquivar inciativas provenientes de núcleos em práticas socioeconômicas capazes de mudar setores importantes das sociedades mais desfavorecidas, com suas propostas alternativas de comprováveis sinais de Ética e responsabilidade.

Mas o demonstrado até agora  por estes setores, diante o quadro presente da profunda crise que assola o país, não manifesta sinais autocríticos nem inovadores, capazes de anunciar uma possível toma de distanciamento de seus comportamentais históricos provenientes de suas práticas e objetivos enquadrados na borbulha da institucionalidade convencional.

Suas bandeiras seguem erguidas girando entorno do círculo especulatório eleitoreiro, tentando se reconstruir nas ruínas de seus abandonos desde os mesmos métodos demagógicos assistencialistas, longe de transgredir sua obsequência colaborativa com as elites econômicas impostas no país.

Não ressaltamos o progressismo desde suas matizes representados por suas diferentes organizações institucionais partidárias como ferramentas possíveis no campo das transformações. Nem por pensar com esperança que seriam capazes de apresentar mudanças nas suas estruturas, e sim como demonstrativo da distância, que nos separa da construção do um eixo crítico, capaz de remover dos calcificados fundamentos da República Liberal Burguesa e seus seguimentos colonizatórios, elementos que nos deixam cada dia mais vulneráveis aos acontecimentos como os vividos no presente.

Considerações sobre um período recente (escrito originalmente em 2020):

Não "Deveriam" os progressistas como pretendidos "iluminadores" das massas oprimidas recorrer as práticas das ordens panfletárias, visando os interesses de acúmulos só eleitorais, sem projeções profundas como método de contraposição diante o atual governo de notáveis intenções de culturalização totalitária.

O qual se apresenta na personalização de uma figura, que tem se demostrado no passo a passo de sua breve trajetória pelo executivo como um sujeito de expressão consciente e transparente na manifestação de seu inconsciente portador de severos transtornos morais e ideológicos, os quais de forma acidental devido a atual pandemia conseguem se desenvolver de forma acelerada na práxis indecorosa para o cargo em questão, caminhando pela sensível linha dos conceitos de lesa humanidade.

Modelo este que encontra eco e fortalecimento em setores do campo popular como resultado dos efeitos das históricas matrizes colonizatórias, baseadas nos resíduos ativos medievais do patriarcado eclesiástico a discriminação racial e militarista tomando como referencias o Nazifascismo que açoitou o mundo na primeira metade do século XX. Ao que se somam o oportunismo das correntes ultraliberais dentro de um contexto em linha ascendente de visíveis disputa geopolítica com as economias Asiáticas.

Um momento da história que não permite ou aventureirismo na política institucional desde nenhum ângulo da Ética humanitária por se dizer assim para não entrar no plano dos matizes ideológicos além de ser sugeridos e estar intrínsecos no texto, o que certamente poderiam se transformar num círculo vicioso contraproducente as urgentes e necessárias respostas, diante a realidade imposta.



                               



























 




























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